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O cristão leigo e leiga pelo Batismo e Crisma chamados a serem sujeitos eclesiais e de transformação social

A Igreja no Brasil celebra, na ocasião da Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, o Dia Nacional dos cristãos leigos e leigas. Dedico, portanto, este artigo a todos eles e elas, chamados(as) a serem sal da terra e luz do mundo!

O Concílio Vaticano II marcou um momento decisivo na valorização do papel dos leigos, enfatizando sua dignidade e missão no mundo (Constituição Dogmática sobre a Igreja Lumen Gentium e o Decreto sobre o Apostolado dos Leigos Apostolicam Actuositatem). Desde então, o magistério pontifício tem aprofundado essa temática. O Papa Francisco, em sua ênfase na Igreja em saída, confere novo vigor à vocação laical, destacando seu protagonismo na evangelização e na construção de um mundo mais fraterno.

Os ensinamentos do Magistério da Igreja, sempre buscaram fundamentar a dignidade do leigo(a) a partir dos sacramentos do Batismo e da Crisma, e recentemente articulando estes ensinamentos e fundamentos sacramentais com o pensamento do Papa Francisco, especialmente em seu chamado à sinodalidade, à missão e à santidade de vida no cotidiano da existência humana.

Os(as) leigos(as) têm a desafiante, porém, também fascinante missão de despertar todos os batizados(as), levando-os a uma tomada de consciência do seu batismo e da sua crisma, como fonte da sua vocação e da sua missão na Igreja e no mundo.

O Papa Francisco, ao longo de seu pontificado, tem enfatizado o papel central e insubstituível dos leigos(as) na vida da Igreja e no mundo.  Inúmeras vezes tem destacado que os leigos são chamados a ser discípulos missionários, levando o Evangelho às periferias geográficas e existenciais e sendo, por isso mesmo, protagonistas de transformação social e espiritual. Os(as) leigos(as) receberam pelo Batismo a graça de serem Igreja e, por isso, a graça de serem sal da terra e luz do mundo. A Igreja, como Corpo de Cristo, não é feita apenas de padres, bispos e religiosos; os leigos são parte integrante desse corpo.

Neste sentido, somente eles e elas são e serão capazes de ajudar a Igreja a curar-se do clericalismo e superar o hiato entre clero e leigos, como muro de separação e escala de dominação, pois na Igreja em virtude do Batismo somos todos irmãos e irmãs, com funções e ministérios diferentes, porém, um único e mesmo povo de Deus. Em um discurso à Pontifícia Comissão para a América Latina, o Papa Francisco, nos recordou que: “os leigos não são os empregados da Igreja, nem os ajudantes dos padres. O leigo é parte integrante da Igreja” (Papa Francisco, Audiência Geral de 20 de novembro de 2024).

Neste dia especial, como Animador da Ação Evangelizadora nesta Diocese, lanço um olhar de gratidão a Deus por todos os leigos(as), que nas diferentes instâncias eclesiais e nos espaços públicos do mundo do trabalho, da educação, da cultural, da arte, da economia, do direito, da política, etc, têm assumido a tarefa do anúncio, da denúncia, da defesa da justiça e da verdade e, empenhando-se para transformar o mundo segundo os desígnios de Deus. Este olhar de gratidão dirige-se aos leigos e às leigas, que conforme nos diz o Papa Francisco, entenderam que não “são empregados da Igreja, não são empregados dos padres, nem representantes deles”. Porém, veem-se, vivem e atuam, sendo homens e mulheres que vivem e testemunham a graça do seu batismo na Igreja e na sociedade.

Os leigos e leigas não foram chamados por Deus, na Igreja e na sociedade, para serem mini-padres ou quase-padres; não foram e não são chamados(as) a representar o padre, onde este não possa estar presente. Eles e elas foram e são chamados a viver o Evangelho na Igreja e no meio do mundo. São, portanto, chamados a ser Igreja no coração do mundo – na família, na educação, no mundo do trabalho, no mundo da política, etc. – e trazer o mundo para o coração da Igreja e transformá-lo, segundo os valores do Evangelho.

Portanto, o leigo e a leiga, são instigados a descobrir e alimentar uma espiritualidade apropriada à sua vocação; leigos e leigas, em seus trabalhos, devem infundir uma inspiração de fé e um sentido cristão. Hoje, não é mais possível pensar uma Igreja em que se exclua a participação e a corresponsabilidade dos leigos e leigas. Por isso mesmo, os leigos e as leigas são chamados a ser um autêntico sujeito eclesial, cujas ações quotidianas são capazes de contribuir para a construção de um mundo justo e solidário, de maneira reconhecida e organizada na forma de serviços, pastorais, ministérios e outros grupos eclesiais. Igualmente, na militância pode ser um importante instrumento não só para uma assistência imediata da Igreja, mas para uma maior conscientização no processo de transformação da sociedade (Cf. CNBB, Estudo 107, n. 173).

Em síntese, o leigo(a) cristão(ã), sujeito na Igreja e no mundo, é um homem e uma mulher maduro(a) na fé, que fez – faz – o encontro pessoal com Jesus Cristo e se dispôs a segui-lo com todas as consequências dessa escolha; é o cristão e a cristã que adere ao projeto do Mestre e busca identificar-se sempre mais com a sua pessoa; é o homem e a mulher que assume a pedagogia do seguimento de Jesus de Nazaré, Morto e Ressuscitado e se coloca na escuta do Espírito, que envia à edificação da comunidade e à transformação do mundo na direção do Reino de Deus.

Quero, por meio deste artigo, louvar a Deus pela vocação e missão de cada um(a) que, consciente da graça do seu Batismo e da sua Crisma, tem vivido e assumido a sua missão na ação evangelizadora desta Igreja Diocesana de Salgueiro, vivendo e atuando em meio à sociedade, como homens e mulheres pertencentes a Cristo e, portanto, agindo como cristãos autênticos na promoção da verdade, da justiça e da paz!

Parabéns a todos(as) os leigos e leigas pelo seu dia! Muito obrigado pelo SIM de vocês a Deus, na missão que cada um(a) assume nas diversas realidades eclesiais e sociais!

 

Pe. Izidorio Batista Alencar

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