Resumo:
O presente artigo propõe uma reflexão teológico-pastoral sobre a crise da missão e da identidade presbiteral na Igreja contemporânea. A partir da análise de documentos magisteriais e da realidade eclesial atual, denuncia-se a espetacularização da fé e a lógica mercantil que transformam a missão em produto e os ministros ordenados em protagonistas de encenações religiosas. Defende-se a necessidade urgente de uma conversão pastoral que recupere a autenticidade do anúncio evangélico e a profundidade sacramental do ministério presbiteral. O texto também apresenta testemunhos do episcopado brasileiro e propostas concretas de renovação da formação presbiteral na Igreja do Brasil.
Palavras-chave: missão; presbítero; conversão pastoral; Igreja em saída; formação presbiteral.
Introdução
A missão é a razão fundamental da existência da Igreja. Desde o mandato de Cristo “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15), a comunidade cristã é chamada a viver em estado permanente de saída. Neste sentido, o Concílio Vaticano II afirma: “a Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, pois tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo” (Ad Gentes, n. 02). Contudo, observa-se na atualidade uma crescente distorção dessa missão, especialmente no contexto das plataformas digitais, onde a fé é frequentemente transformada em espetáculo. A pedagogia do medo, a comercialização de rituais religiosos e a centralização da figura do ministro ordenado revelam uma crise profunda na identidade eclesial e presbiteral.
