Autor: Hugo Oneley
O sacerdócio é um dom! Um presente do bom Deus dado à poucos homens que são chamados a serem imitadores perfeitíssimos do Divino Salvador: Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, vítima santa e imaculada. Um presente precioso, confiado a miseráveis barros de argilas, mas que se tornam verdadeiros relicários de ouro quando moldados no braseiro ardente do Coração de Jesus.
Existem santos que exalam a santidade desde seu nascimento e durante a suas vidas são provas vivas da presença de Deus; Vianney era um destes. Um simples menino, filho de pais camponeses que desde a tenra idade balbuciava as Ave-Marias com amor e piedade nos olhos[1], seria responsável por inquietar o inferno com suas terríveis penitencias e sacríficos[2] que se assemelhavam ao Redentor na incansável busca pela salvação das almas.
O santo francês que hoje celebramos com júbilo, é a perfeita personificação do miserável barro de argila que foi moldado no braseiro ardente de caridade do Coração de Jesus e se tornou um precioso relicário de ouro. Todas as péssimas qualidades físicas e intelectuais que se possa imaginar estavam presentes naquele menino.[3] Mas, muito mais, estava presente a graça santificante de Deus que fazia brotar, no coração do pobre amante divino, a piedade, a pureza, a confiança plena que o tornaria um perfeito imitador do Sumo e Eterno Sacerdote.
O Papa Bento XVI, por ocasião da abertura do Ano Sacerdotal,[4]recordou-nos o que sempre dizia o Cura d`Ars: ‘’O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”. Ao convocar aquele tempo em que desejava tornar viva a vocação sacerdotal no seio da Igreja, o querido Pontífice afirmou que os sacerdotes são um imenso dom, não só para a Igreja, mas também para a própria humanidade. [5]
Em Vianney compreendemos o significado da vocação sacerdotal. Aquele que é chamado ao sacerdócio é convidado pelo próprio Cristo a ser seu imitador perfeito, associando-se a Ele em tudo. É um novo Bom Pastor que da a vida pela suas ovelhas; um novo Sacerdote que oferece o sacrifício; uma nova vítima que se entrega por amor para a salvação da humanidade.
O sacerdote vive uma perpétua abnegação da própria vontade para submeter-se unicamente à vontade d’Aquele que nutre sua Esposa com o Maná que não perece, escolhendo-os como sujeitos de tal grande mistério de amor.
O magnifico dom da vocação sacerdotal emana do Coração de Jesus, que chama o coração dos eleitos ao sacerdócio a sair deles mesmos e ir ao encontro dos demais. A missão do sacerdote é indispensável para a Igreja e para o mundo. É o partir do pão do amor de Deus, perdoar os pecados dos homens e guiar o rebanho em nome de Cristo para leva-los de volta ao próprio Cristo. É necessária uma fidelidade plena, como a de Vianney, em tudo e para tudo que pede Cristo e sua Igreja.
Todo o sacerdote deveria espelhar-se no pároco de Ars e permitir que a chama do Coração de Deus abrase também o seu coração para que possa então fundir o seu ‘eu’ no de Jesus Sacerdote e imitá-lo na mais completa entrega de si mesmo. Deixar-se conquistar totalmente por Cristo! Esta foi a meta de todo o ministério do Santo Cura de Ars.
A Igreja tem necessidade de sacerdotes santos, de ministros que ajudem os fiéis a experimentar o amor misericordioso do Senhor e sejam suas testemunhas convictas. Ao fieis, também recai o encargo de rezar pelos seus sacerdote e por todas as vocações que ainda nascerão, para que estes possam ser santos. Sacerdotes e fieis devem unir-se e consagrar juntos à Virgem Imaculada, concebida sem pecado, este precioso dom, pois já nos dizia o amado Cura: “basta dirigir-se a ela para ser escutados, pela simples razão de que ela deseja sobretudo ver-nos felizes”.
São João Maria Vianney é muita mais do que o padroeiro dos padres, é um modelo perfeito a ser seguido. A historia magnífica do Cura d’Ars demonstra que a função do sacerdote é a entrega total a Cristo e sua Igreja. Que o sacerdote deve estar de joelhos no chão e com o rosário na mão quando não estiver celebrando o Santo Sacrifício da Missa ou estiver dentro de um confessionário salvando as almas da perdição. Que o coração do padre e o de Cristo devem estar fundidos de tal forma que incendeiem a Igreja e o mundo de santidade. Que a vida do padre é para Cristo e mais ninguém![6]
Se entendêssemos na terra o que é um padre, morreríamos não de susto, mas de amor. São João Maria Vianney, rogai por todos os sacerdotes!
[1] João Maria Batista Vianney, nasceu em 08 de maio de 1786, em Dardilly, cidade próxima a Lyon, na França. Desde pequeno demonstrava sinais de uma graça extraordinária. Sua infância se deu no período final da Revolução Francesa e sua juventude no início da Era Napoleônica, e por isso, conviveu com as perseguições ao Clero, destruição de Igrejas e o levante do secularismo e do ateísmo francês.
[2] O santo de Ars ficou conhecido pelas suas intensas penitencias e seus sacrifícios. Chegava a passar dias sem comer, dormia menos de 4 horas por dia; além de infligir a si mesmo pesadas disciplinas. Tudo isso fazia com um único propósito: a conversão e a salvação de sua paróquia e todos os fiéis.
[3] Vianney enfrentou grandes dificuldades para terminar sua formação no seminário, pois a sua rustica formação escolar na infância, uma certa dificuldade em aprender a Teologia e o Latim, além de sua precária oratória, eram tão presentes que seus superiores estavam desacreditados nele. Foi com a ajuda do pároco de Dardilly que o jovem seminarista terminou sua formação e se ordenou padre. Logo após, na cidade de Écully, permaneceu três anos como Vigário, mesmo assim não podendo ouvir confissões, uma vez que o bispo de Bailley não o concedera a licença pois não o considerava capaz. Somente no final de seu ministério em Écully e próximo de ir para Ars que passou a ouvir confissões (após a incansável ajuda do pároco), o que seria o escopo de seu ministério até o fim de sua vida.
[4] Celebrado em 2009, por ocasião dos 150 anos da morte de São João M. Vianney.
[5] Cf. Carta do Sumo Pontífice Bento XVI para a proclamação de um ano sacerdotal por ocasião do 150º aniversário do dies natalis do santo cura d’Ars, 16 de junho de 2019
[6] Cf. Comunidade Católica Porta Fidei, O Cura d’Ars, 4 de agosto de 2016
Fonte: Comunidade Católica Porta Fidei