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O tempo do advento: a presença de Deus já começou

O ano litúrgico é um processo espiritual pedagógico, pelo qual a Mãe Igreja nos conduz à experiência do mistério Pascal de Cristo, que é o centro de todas as suas celebrações e de toda a sua vida. Celebramos não apenas para recordar acontecimentos passados, mas para viver o hoje eterno de Deus que alcança e envolve todos os homens de todos os tempos e lugares, celebramos para viver na nossa vida, a vida de Deus.

Existem dois tipos de tempo: o primeiro é denominado “kairós”, em grego, e o segundo é o “chronos”, o tempo humano-cronológico. Para os gregos, o cronológico é entendido como algo destrutivo, aquele responsável por acabar com a beleza, com as forças e, por que não dizer, com a vida. Os cristãos, por outro lado, veem o kairós, o tempo de Deus, como um período salvífico por natureza. O kairós é, portanto, sempre favorável à graça de Deus.

O tempo de Deus não é como o do homem, composto por presente, passado e futuro. Para Deus, o passado penetra no presente, e o presente desvela o futuro, possuindo assim um caráter transcendente. O homem, por graça de Deus, pode experimentar o kairós e o lugar por excelência, para que ele participe do tempo de Deus é a Liturgia, que é a ação ininterrupta de Deus em favor do seu para salvá-lo.

Assim como existe o calendário civil que vai contando os dias e, pouco a pouco, percorrendo todos os meses do ano, existe, na Igreja, o calendário litúrgico em que a comunidade celebra a vida e a obra de salvação realizada por Cristo sinal e presença no tempo dos homens.

Diferentemente do ano civil que se inicia no dia primeiro de janeiro, o ano litúrgico inicia-se no domingo mais próximo do dia 30 de novembro, com o tempo do advento que faz parte de um ciclo maior chamado ciclo do Natal. Esse ciclo do Natal, além das quatro semanas do Advento, comporta o dia de Natal propriamente dito (dia 25 de dezembro) e prolonga-se com a celebração de algumas festas como a da Sagrada Família, a Festa da Santa Mãe de Deus, a Epifania e o Batismo de Jesus.

A palavra advento é a tradução da palavra grega parusia, que significa presença, ou mais exatamente ainda presença começada. Isto relembra aos cristãos que a presença de Deus começou no mundo e somos nós as lâmpadas, que devem conservar acesa em toda parte a chama desta presença.

As duas primeiras semanas do advento referem-se propriamente à vinda definitiva de Cristo, aquilo que a teologia vai chamar de advento escatológico.

A terceira e quarta semana do advento, particularmente, a chamada “semana santa do Natal”, de 17 a 23 de dezembro ajuda a Igreja a refletir sobre a primeira vinda de Cristo, o verbo de Deus que se dignou encarnar no seio da Virgem Maria para salvar a humanidade. Trata-se de uma preparação mais imediata para a celebração do Natal, isto significa, a preparação da sala das almas para o nascimento de Cristo. O Cristo que veio e virá está sempre presente no tempo de sua Igreja. O advento tem um significado espiritual profundo, procuremos vivê-lo com devoção, para colhermos os frutos de santidade, que este tempo estar destinado a produzir em nós.

 

Pe. Edilson José Rodrigues

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